Drica Richter
Tudo bem, meus amores?
Esses dias de dor e desespero com os nossos irmãos do Sul não estão fáceis. Sei que de minha parte, neste momento, não há mais o que fazer além de contribuir com doações à distância, o que todos estamos fazendo, mas uma tristeza profunda e um sentimento de quase culpa me invadem, atormentam e eu preciso dividir isso com vocês.
Para este artigo, eu tinha um texto pronto sobre nós, mulheres maduras. Sobre a nossa maravilhosa comunidade das mulheres de safras especiais. Fiz uma reflexão sobre o quanto estarmos bem resolvidas com o envelhecimento é um tesouro para nós mesmas e para o mundo em que nós vivemos juntas. Mas essa reflexão terá de esperar mais um pouquinho para vir à luz.
Hoje eu preciso falar com vocês sobre o que acontece não apenas no Rio Grande do Sul, mas no Brasil e no mundo. Meus amores, nós somos uma coisa só! Um só planeta! E é triste quando alguém distante do local de uma tragédia ambiental se torna capaz de olhar para ela e sentir alívio. E dizer a si mesma: ainda bem que não foi aqui. Porque, sim, foi aqui! As enchentes do Rio Grande do Sul acontecem em nosso tempo. No mesmo chão
em que nós pisamos. Sob o mesmo céu que nos protege.
Imaginem o nosso corpo. Vocês seriam capazes de ignorar uma ferida no dedão do pé porque seria pior se fosse no rosto? Vocês sentiriam alívio se perdessem a mão esquerda porque na verdade vocês sempre usaram mais a mão direita?
Somos um só corpo, meus amores! Ignorar o que acontece com os nossos irmãos do sul, ou qualquer outra dor que aflige outros irmãos, em qualquer canto do nosso mundo, é sintoma de uma doença muito séria. Há décadas as tragédias climáticas vêm sendo anunciadas. E há décadas os nossos
governantes as menosprezam, porque tomar medidas para minimizá-las significa ganhar menos dinheiro. A pergunta que me ocorre é: existe alguma chance de isso mudar?
Há alguma possibilidade de os governos acordarem para o fato simples de que o planeta vai nos expulsar, como já está fazendo, em simples movimento de defesa contra as terríveis agressões que tem sofrido há tanto tempo?
A minha resposta é não. Os governos nada farão de efetivo nem de concreto. Mas e nós? O que nós podemos fazer? Há algo ao nosso alcance? Alguma coisa realmente eficiente para fazermos em casa, todas juntas, em nossas rotinas, nossos hábitos diários, que aos poucos possa ajudar a restabelecer a harmonia entre nós mesmas e o lugar onde vivemos juntas? A minha resposta é sim!
Eu acho que há, meus amores! Sempre houve. Pensar com mais respeito na relação entre causa e consequência, mudar os nossos hábitos simples do dia a dia, reciclar o lixo, não desperdiçar comida, não financiar marcas perversas, cuidar com mais amor da terra e dos recursos naturais. Votar certo, cobrar dos políticos eleitos as melhores práticas. E rezar. Pedir perdão a Deus pelo que fizemos de errado até agora. E trabalhar juntos para fazer o certo a partir de já. Eu acho que dá! Fiquem bem, meus amores!